1 00:00:03,000 --> 00:00:07,000 Os astrónomos cartografaram uma estrutura gigante feita de matéria negra 2 00:00:07,000 --> 00:00:10,000 Estende-se por cerca de 60 milhões de anos-luz 3 00:00:10,000 --> 00:00:13,000 a partir de um enorme cúmulo de galáxias, e é o nosso melhor vislumbre até hoje 4 00:00:13,000 --> 00:00:19,000 do andaime que dá ao Universo a sua estrutura em grande escala 5 00:00:39,000 --> 00:00:42,000 Hubblecast – episodio 58: Apanhado na teia cósmica 6 00:00:46,000 --> 00:00:47,000 Apresentado pelo Dr. J, também conhecido por Dr. Joe Liske 7 00:00:50,000 --> 00:00:51,000 Olá e bem-vindo ao Hubblecast 8 00:00:51,000 --> 00:00:57,000 Nos seus primórdios, o Universo era extremamente suave e uniforme 9 00:00:57,000 --> 00:01:02,000 Não havia estrelas, nem galáxias, e toda a matéria estava distribuída 10 00:01:02,000 --> 00:01:07,000 pelo Universo muito, muito uniformemente – de um modo quase perfeito 11 00:01:07,000 --> 00:01:09,000 Mas não completamente. 12 00:01:09,000 --> 00:01:11,000 Mesmo então existiam pequeníssimas variações 13 00:01:11,000 --> 00:01:14,000 na densidade de local para local. 14 00:01:14,000 --> 00:01:18,000 E ao longo do tempo, estas pequeníssimas flutuações cresceram e condensaram-se 15 00:01:18,000 --> 00:01:21,000 num padrão semelhante a uma teia que impregna 16 00:01:21,000 --> 00:01:24,000 e dá estrutura ao Universo actual 17 00:01:24,000 --> 00:01:28,000 Formada por vastos filamentos e folhas de matéria negra 18 00:01:28,000 --> 00:01:32,000 esta estrutura é conhecida pelos astrónomos como a teia cósmica 19 00:01:32,000 --> 00:01:35,000 Mas o problema é, por ser feita de materia escura 20 00:01:35,000 --> 00:01:39,000 não podemos propriamente vê-la quando olhamos para o céu 21 00:01:39,000 --> 00:01:43,000 Podemos modelá-la usando simulaçõs por computador, mas até muito recentemente 22 00:01:43,000 --> 00:01:46,000 apenas tinha sido observada indirectamente 23 00:02:02,000 --> 00:02:06,000 Os cientistas sabem que menos de um quarto da matéria no Universo 24 00:02:06,000 --> 00:02:11,000 é efectivamente visível, na forma de estrelas, nebulosas, gás e afins 25 00:02:11,000 --> 00:02:16,000 A maioria é matéria negra, que não pode ser vista directamente 26 00:02:16,000 --> 00:02:21,000 Os astrónomos têm tido evidências convincentes da teia cósmica durante anos 27 00:02:21,000 --> 00:02:24,000 graças ao aglomerar de galáxias ao longo da teia 28 00:02:24,000 --> 00:02:31,000 Mas observar directamente a teia de matéria negra tem sido bem mais difícil. 29 00:02:35,000 --> 00:02:38,000 De facto, as primeiras observações bem sucedidas de um 30 00:02:38,000 --> 00:02:41,000 filamento da teia aconteceram apenas este ano 31 00:02:41,000 --> 00:02:46,000 Agora, uma equipa de cientistas utilizou o Hubble para levar isto um passo mais longe 32 00:02:46,000 --> 00:02:50,000 realizando observações detalhadas de um filamento de matéria negra 33 00:02:50,000 --> 00:02:53,000 medindo o seu comprimento, forma e densidade 34 00:02:56,000 --> 00:02:59,000 Encontrar um destes filamentos não é tarefa fácil 35 00:02:59,000 --> 00:03:03,000 Primeiro, é necessário pesquisar onde é provável que se encontre um 36 00:03:03,000 --> 00:03:09,000 Teorias afirmam que os cúmulos de galáxias se formam onde filamentos da teia cósmica se encontram 37 00:03:09,000 --> 00:03:14,000 com os filamentos gradualmente canalizando galáxias e matéria negra para os aglomerados 38 00:03:14,000 --> 00:03:21,000 Assim, a equipa focou o Hubble no cúmulo de galáxias MACS J0717 39 00:03:21,000 --> 00:03:23,000 que se sabe estar ainda em crescimento 40 00:03:27,000 --> 00:03:28,000 E então precisa de Albert Einstein 41 00:03:28,000 --> 00:03:32,000 Tal como previsto pela teoria da relatividade geral 42 00:03:32,000 --> 00:03:37,000 um raio de luz é curvado quando passa próximo de um objeto de grande massa 43 00:03:37,000 --> 00:03:40,000 Portanto, embora não se possa ver diretamente um filamento de matéria negra 44 00:03:40,000 --> 00:03:43,000 a sua massa deveria, ainda assim, 45 00:03:43,000 --> 00:03:48,000 curvar a luz vinda das galáxias que se situam atrás do mesmo, subtilmente distorcendo as suas formas 46 00:03:53,000 --> 00:03:56,000 A seguir, tem que combinar Einstein e Hubble 47 00:03:56,000 --> 00:04:01,000 O telescópio espacial pode efetuar observações bastante detalhadas 48 00:04:01,000 --> 00:04:06,000 de cúmulos de galáxias, perfeitos para detetar estas pequenas distorções 49 00:04:06,000 --> 00:04:16,000 E se as mapear a todas, o filamento oculto de matéria negra é relevado 50 00:04:19,000 --> 00:04:22,000 E então, finalmente, pega neste mapa bidimensional 51 00:04:24,000 --> 00:04:25,000 e estende-o a três dimensões 52 00:04:25,000 --> 00:04:27,000 Os astrónomos usaram dados dos telescópios Keck-II 53 00:04:27,000 --> 00:04:30,000 e Subaru no Hawaii, entre outros 54 00:04:30,000 --> 00:04:33,000 para medir as distâncias das galáxias de entre 55 00:04:33,000 --> 00:04:37,000 o filamento mapeado pelo Hubble, e para registar os seus movimentos 56 00:04:37,000 --> 00:04:43,000 Utilizando isto elaboraram a primeira reconstrução tridimensional de sempre 57 00:04:43,000 --> 00:04:50,000 de um filamento e de como está a canalizar matéria para um cúmulo massivo de galaxias 58 00:04:50,000 --> 00:04:56,000 O filamento estende-se pelo menos ao longo de 60 milhões de anos-luz no espaço 59 00:04:56,000 --> 00:05:01,000 Da nossa perspectiva, vemo-lo curvar-se gentilmente em direção a nós 60 00:05:01,000 --> 00:05:04,000 e continuando aproximadamente ao longo da nossa linha de visão 61 00:05:04,000 --> 00:05:08,000 até se precipitar parte posterior do cúmulo de galáxias 62 00:05:09,000 --> 00:05:12,000 Medições de centenas de galáxias no filamento 63 00:05:12,000 --> 00:05:18,000 mostram que estas se movem ao longo do filamento e em direção ao cúmulo MACS J0717 64 00:05:22,000 --> 00:05:26,000 Observar e reconstruir a teia cósmica é algo importante 65 00:05:26,000 --> 00:05:30,000 porque nos fala acerca da estrutura fundamental do cosmos 66 00:05:30,000 --> 00:05:34,000 No futuro iremos assistir a mais investigações como esta 67 00:05:34,000 --> 00:05:38,000 O Telescópio Espacial James Webb da NASA/ESA/CSA 68 00:05:38,000 --> 00:05:41,000 cujo lançamento se realizará mais tarde nesta década 69 00:05:41,000 --> 00:05:44,000 será uma excelente ferramenta para estudar a teia cósmica 70 00:05:44,000 --> 00:05:47,000 devido à sua melhorada sensibilidade em comparação ao Hubble 71 00:05:49,000 --> 00:05:51,000 Este é o Dr. J despedindo-se do Hubblecast 72 00:05:51,000 --> 00:05:56,000 Uma vez mais, a natureza surpreendeu-nos além da nossa mais incrível imaginação 73 00:05:56,000 --> 00:05:59,000 O Hubblecast é produzido pela ESA/Hubble no Observatório Europeu do Sul 74 00:05:59,000 --> 00:06:02,000 Transcrito por ESA/Hubble. Traduzido por Paula Santos 75 00:06:02,000 --> 00:06:05,000 www.spacetelescope.org